segunda-feira, 21 de maio de 2007

La Casbah d'Alger (Parte II)

Depois da mesquita, lá continuamos a "viagem" de beco em beco, e escadaria em escadaria. Eis que, ao dobrar uma esquina o guia encontra uma senhora amiga, que dizia ser uma Berber. Uma troca rápida de palavras em árabe e somos convidados a entrar na casa dela, mesmo ali ao lado.
Era uma casa muito humilde, sem qualquer luxo, com um pequeno pátio central que lhe dava uma frescura incrível naquele dia de calor. Subimos meio aninhados por umas escadas muito estreitas até ao terraço, e deparamo-nos com uma vista que espero recordar por muito tempo.




Mais uma sessão fotográfica e continuamos a visita, sempre a descer em direcção ao mar.
Já quando nos aproximávamos da base da Casbah, somos convidados a visitar um mausoléu turco. Aqui as pessoas vinham pedir para si, ou para os seus, saúde, fortuna, ou sucesso.
Lá dentro encontramos uma sala abafada, com o chão coberto por tapetes, as paredes recheadas de quadros e placas com pequenas inscrições em árabe, e o tecto carregado de candeeiros de pêndulos de vidro, ou cristal. Tudo oferecido pelas pessoas que tinham visto os seus pedidos satisfeitos.

A sala, não muito grande, estava praticamente repleta. As mulheres encontravam-se em maioria e estavam todas num dos lados da sala. Os homens, do outro lado, entoavam uma espécie de mantra, ditado por um jovem que dava o mote a partir do livro que segurava.
Entretanto, entram duas mulheres em vestes típicas com uma rapariga mais nova. "Estas mulheres vêm pedir para a jovem passar nos exames da escola.", diz-nos o guia.
Estivemos lá dentro poucos minutos. Mal entramos todos olharam imediatamente para nós como se viéssemos doutro planeta.
Confesso que ao fim de pouco tempo já estava a ficar afectado por todo aquele ambiente, muito devido ao mantra que ecoava repetidamente.
Sair dali deu-me um certo alívio.
Questionamos o guia sobre quanto tempo aqueles homens passavam ali. Respondeu-nos: "Todo o dia."


Este episódio inflamou um turbilhão de ideias na minha mente:
Ali a religião é levada muito a sério. Foi por isso fácil de compreender como é possível controlar as massas através dela.
Sim, concordo que a religião muçulmana, com todas as suas regras e devoção dos seus seguidores, pode ser utilizada como forma de manipulação.
Mas situações semelhantes ocorrem em países ocidentais mais desenvolvidos. Por exemplo, a forma como os americanos conseguem mobilizar milhares de jovens para se alistarem voluntariamente no exército, utilizando elaborados esquemas publicitários, sustentados por toda uma cultura nacionalista pró-guerra.
No fundo, tratam-se apenas de diferentes tipos de informação. O Homem precisa de informação para viver e, se esta pode ser manipulada, também ele o será.
De uma forma abstracta, tanto a religião, como os anúncios do exército americano, podem ser consideradas formas indutórias de opinião.


Ainda com a tempestade de ideias em fase de abrandamento, seguimos viagem em direcção à zona do comércio.
Entramos então numa rua larga, ladeada de edifícios coloniais, construídos pelos franceses para esconder a Casbah.
Passeamos ao longo das várias ruas comerciais, e terminamos a visita junto a uma enorme e imponente mesquita.



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