sexta-feira, 4 de maio de 2007

1º Ensaio

Quem me é mais próximo sabe que há muito que falo em escrever um livro.
É realmente um dos meus sonhos.
O meu pequeno bloco de notas, que guardo religiosamente há anos, está quase completo.
Desde o ano passado que tento começar esta empresa, mas todas as tentativas foram infrutíferas.
Esta noite sentei-me em frente ao computador para escrever algo que me passava pelos pensamentos. Nada de anormal nos últimos tempos, já que tenho escrito vários pequenos textos, talvez devido às sucessivas viagens que venho fazendo desde o Verão passado.
Quando dei por mim, já não conseguia parar de escrever e... eis que escrevi o primeiro ensaio.

1 (Um)

Qual a origem do Universo?
Esta é a questão que move milhões de cientistas, estudiosos, filósofos, escritores, e tantos outros, um pouco por todo o mundo.
Uma sondagem relativamente recente, realizada junto de vários núcleos de cientistas conceituados a nível mundial, foi bastante surpreendente.
Os resultados apresentaram um número muito significativo de cientistas, que hoje são levados a acreditar que o Universo poderá ter tido uma origem superior.
"...ciência consiste em agrupar factos para que leis gerais ou conclusões possam ser tiradas deles." - Charles Darwin
Mesmo sem qualquer facto, ou prova concreta, estes homens da ciência quebram todas as teorias e deitam por terra o método científico.
Segundo eles, a perfeição da vida existente na Terra é tal, que não poderia pura e simplesmente ter apenas acontecido por um mero acaso, ou conjugação aleatória de diferentes factores.
Estudos realizados afirmam que para a vida na Terra chegar ao estado de evolução actual, falando mais concretamente da espécie humana, seriam necessários mais milhões de anos do que a idade calculada da Terra.
Este facto, é a base para a maioria das teorias que sugerem que a vida na Terra terá tido origem noutro planeta.
Se contemplarmos a Natureza à nossa volta, e mesmo nós próprios, facilmente nos apercebemos de como tudo funciona na perfeição.
Isto é um dado adquirido que ninguém questiona, e ainda hoje existem inúmeras lacunas na medicina, cuja ainda não compreende na íntegra o funcionamento do corpo humano.

Olhando para o passado, conseguimos ver como foi a história da nossa evolução.
Mas, mesmo aí se podem encontrar vestígios de civilizações sugerindo um nível de conhecimento que, fazendo uma viagem pelo nossos antepassados, apenas foi descoberto por estes muito mais tarde.
Então, o que teriam os homens e mulheres destas civilizações de diferente, para saberem na altura, o que apenas mais tarde vieram a saber os nossos antepassados, e detendo estes uma tecnologia tão distinta?

Diferentes correntes de pensamento deram origem a diferentes caminhos na evolução das civilizações.
Pois, hoje, acredito que estamos a viver uma mudança sem precedentes na nossa espécie.
Devido à velocidade de circulação da informação, e facilidade de partilha da mesma, está a nascer e a consolidar-se uma cultura e conhecimento, partilhados por diferentes povos.
Esta fusão de saberes irá dar origem a uma nova forma de olhar a Vida, comum à escala planetária.
A crescente mobilidade das pessoas é um bom exemplo disso.
Estereótipos e preconceitos são quebrados todos os dias.
Cada vez mais nos apercebemos que em todo o mundo, pessoas com cor de pele diferente, hábitos diferentes e religiões diferentes, procuram tirar da Vida exactamente as mesmas coisas.
Sobreviver, ter alimento, encontrar uma companhia para a viagem que é a Vida, deixar descendentes, educá-los para a sua própria viagem e acompanhar o seu crescimento. Estes são os objectivos naturais na vida de qualquer ser humano, em qualquer parte do mundo. Se nos conseguirmos abstrair de todas as coisas mundanas, pormenores, ou problemas que possamos ter, conseguimos realmente identificar que estes são, em linhas gerais, os passos básicos da evolução da nossa espécie.

Uma geração não pode nascer, pura e simplesmente ensinada, pelo que o processo evolutivo de alguém que nasce hoje, irá ter início no exacto ponto em que se encontra a espécie nesse momento.
Mais tarde, este novo ser irá também dar o seu contributo para a evolução da espécie. E assim sucessivamente.
É um milagre crescermos e sermos capazes de criar algo.
Somos seres que, de uma forma geral, nos assemelhamos a super-computadores super-inteligentes. O nosso corpo é uma máquina, carregada com uma série de instintos ainda dentro da barriga das nossas mães. Mesmo antes de virmos à luz, começamos a aprender, e este processo de aprendizagem apenas termina com a nossa morte.
As próprias palavras que lêem neste momento, resultaram de todas as minhas experiências, vivências boas, ou más, e de todas as informações que assimilei e processei até hoje, que por sua vez me foram também transmitidas por outros seres.
E estes seres, quando se cruzaram comigo, tinham já tido as suas próprias experiências. Assim é o processo da nossa evolução.

Gostaria de um dia vir a ter filhos. Neste momento apenas posso tentar imaginar o que poderão sentir os pais de uma criança ao vê-la nascer, e depois ao acompanhá-la durante a sua vida.
Deve ser algo verdadeiramente maravilhoso e extraordinário educar um ser segundo as nossas próprias convicções e valores. Então se a criança for fruto de um amor genuíno e incondicional, quão bela será a partilha da sua educação? Espero vir a sabê-lo mais tarde.
Mas talvez vocês estejam nessa situação e, neste preciso momento, estejam a sentir, e a apreciar, a grandiosidade daquilo a que um dia alguém da espécie humana resolveu chamar "Vida".

Agora, haverá algum ser superior, algum Deus, em toda esta equação?
Talvez, mas para o estado actual da nossa evolução tal não é importante.
Ou, não era até hoje.
Com o nascer desta nova consciência universal, talvez a raça humana possa finalmente assumir como dado adquirido que somos seres colaborantes.
As pirâmides do Egipto não foram construídas por um só homem.
Foram precisas várias gerações para as elevar.
Já se aperceberam realmente da grandiosidade de algumas obras das civilizações antigas? Toda a organização que foi necessária para as pôr de pé?
As pirâmides do Egipto, são para mim uma lição para toda a humanidade. Colaboração, entreajuda, simbiose, tantos adjectivos sinónimos neste contexto poderiam ser enunciados para descrever a espécie humana.
Basta olhar para as nossas sociedades, que tão orgulhosamente dizemos serem desenvolvidas.
O pão que temos em casa não foi amassado pelo gestor de uma grande empresa.
O carro que conduzimos não foi construído na pequena oficina do nosso vizinho.
Cada um de nós tem o seu papel e é necessário para fazer a engrenagem girar.

Normalmente estamos demasiadamente ocupados com o nosso trabalho, com o dinheiro para pagar a renda, com os anos que ainda precisamos de trabalhar até liquidarmos todas as prestações da nossa casa. Até por toda a rotina que se gera na nossa vida em torno do trabalho, não temos sequer tempo para parar, e apreciar todo o esplendor da Vida.
Mas, é então que alguém que nós amamos morre.
Nesse exacto instante todos os nossos problemas deixam de ter significado.
A discussão de ontem no trânsito foi um absurdo, a irritação desta manhã por não estarmos tão bonitos como é costume é um mero capricho, e o facto de não gostarmos do nosso carro por ser pouco luxuoso, ou dar apenas 120Kms/h, é uma total anedota.
Todos os nossos objectivos são novamente equacionados.
Então, eis que, mais ou menos lentamente, depois de nos conformarmos que nunca mais iremos poder partilhar com essa pessoa pequenos momentos, pequenas coisas, e nenhuma delas relacionada com valores materiais, vamos sendo assimilados novamente por todo o frenesim que é a nossa sociedade.

Falta, pelo menos na grande maioria das sociedades actuais, uma visão mais humana dos outros, quer sejam eles família, amigos, colegas, ou completos estranhos. É realmente difícil conseguirmos fazê-lo, é verdade.
Talvez com uma grande guerra as coisas mudem. Sou extremamente positivista, mas tenho algum receio pelo nosso futuro. Embora as bases para esta nova cultura de entreajuda universal estejam já a ser consolidadas, temo que venha a acontecer algo de muito negativo para que a raça humana tome definitivamente uma atitude.

Diz-se que a esperança é a última a morrer. E que enquanto há Vida, há Esperança.
Tenho conhecido pessoas extraordinárias nos últimos tempos e muitas delas lutando realmente pela sua própria evolução.
Sim, porque para sermos agentes de mudança, primeiro temos que nos mudar a nós próprios. Esta é uma luta diária que requer imensa energia, mas vale a pena. Ou não fosse a vida mágica e não estivesse a Lei da Atracção cada vez mais forte.

Resumidamente, a Lei da Atracção está normalmente associada com as teorias da Nova Idade (New Age) e do Novo Pensamento (New Thought). Segundo esta lei, o indivíduo não deve nunca mergulhar moderada, ou ansiosamente, no negativo, uma vez que o “princípio metafísico da vida” está incorporado numa “lei da atracção”, que afirma “recebes aquilo em que pensas; os teus pensamentos determinam o teu destino”. Também é dito que as emoções são o factor que aumenta, ou diminui, a velocidade de atracção relativamente ao quanto sentimos do “tema” que estamos a tentar atrair.
Segundo Wallace D. Wattles, no seu livro The Science of Getting Rich de 1910, esta teoria tem uma origem Hindu e tem vindo gradualmente a afirmar-se no mundo ocidental à 300 anos. Ainda segundo ele, esta lei é a fundação de todas as filosofias Orientais, e das de Descartes, Spinoza, Leibnitz, Schopenhauer, Hegel e Emerson.

Claro que há muito cepticismo em torno desta lei, sendo mesmo alguns dos contra-argumentos bastante negativistas. A verdade é que cada vez mais autores têm vindo a escrever sobre o tema, descrevendo relatos de experiências de inúmeros indivíduos, das mais diferentes origens.

Esta lei é fortalecida exponencialmente por cada pessoa que começa a ter consciência dela.
"Tudo acontece por uma razão."
Muitas começam por ter consciência no exacto momento em que acreditam pela primeira vez nesta afirmação.

Tive conhecimento da existência da formulação desta lei quando estive em Moçambique. Nem imaginam qual terá sido o meu espanto quando chegou até mim um filme sobre ela.
Desde muito novo que comecei a olhar a vida com alguma desconfiança. Desconfiança que lentamente se foi transformando em algo mágico ao longo dos anos.
Mágico porque é algo extremamente difícil de explicar, uma vez que tem que ser vivido e sentido, e varia com a experiência de cada um.
Como apenas posso falar da minha experiência nesta alucinante viagem, é-me difícil fazer luz nos pensamentos de alguém que nunca pensou no mesmo por ela própria.
Eis então que estava em Maputo, sentado a assistir a um filme onde várias pessoas falavam das suas experiências.

Há vários anos que tirava notas com o objectivo de escrever um livro. Desde o momento em que escrevi a primeira, tive a certeza que o iria realmente escrever um dia. A verdade é que a vontade, por si só, não é suficiente para fazer seja o que for. Assim, há muito que queria encontrar um enredo com princípio, meio, e fim, por forma a conseguir expressar-me da forma que desejava.
Com o passar do tempo tanto a vontade, como o enredo, foram sofrendo mutações, na mesma proporção da evolução da minha maturidade. E finalmente chegou o dia em que todas as notas passaram a ter um significado comum e tinha uma história que acreditava fazer sentido contar.

Este livro fará parte do meu contributo para a evolução da espécie humana, assim como o trabalho de cada um na engrenagem da nossa simbiose, nesta longa viagem sem destino à vista.

Por Vítor Oliveira, Argel (Argélia), 04/05/2007, 02:38
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