domingo, 20 de maio de 2007

La Casbah d'Alger (Parte I)

Visitar a Casbah de Argel foi uma verdadeira experiência e o ponto alto da minha estadia na Argélia.

Património mundial da UNESCO desde 1992, a Casbah é um tipo único de medina, ou cidade Islâmica. Construída numa das melhores localizações costeiras do Mediterrâneo, contém vestígios da cidadela, antigas mesquitas e palácios, bem como vestígios de uma tradicional estrutura urbana, associada com um sentido profundo e enraizado de comunidade.

Deixamos o carro no topo do labirinto e fomos procurar o guia, já "conhecido" do meu colega de trabalho.
Após alguma discussão para chegar a acordo quanto aos seus honorários, lá decidi abrir os cordões à bolsa para desembolsar 1500DZD (apróx. 15€). Estava um pouco impaciente, pois queria aproveitar o dia que estava excelente e não tinha vontade de entrar em "filmes marroquinos".
Resolvida a questão lá iniciamos a descida pelos pitorescos becos estreitos. E assim começou uma verdadeira viagem pelo mundo muçulmano, que só terminou já junto ao mar.


Após séculos de história e domínios de diferentes povos, hoje jazem sob a Casbah as ruínas de uma antiga cidadela. As casas, muito antigas e degradadas, construídas muito próximas, agora apoiam-se umas nas outras.


Gatos por todo o lado, crianças a brincar, uma ou outra ruela suja e nauseabunda, paredes brancas, becos estreitos, pequenos túneis, fontes, lojas-oficinas de artesãos, estreitas escadarias e miradouros para o Mediterrâneo, é o que se pode encontrar ao longo deste labirinto.





O guia ia falando orgulhoso da história da Casbah e ao passarmos por uma pequena mesquita perguntei se podíamos entrar. Perguntou-nos então se bebíamos álcool. Como não bebo há alguns meses, disse que não e lá entrei com ele.
A mesquita consistia numa sala ampla, com uma pequena reentrância na parede virada para Meca, e uma alcatifa verde com um padrão muito simples, de linhas e pequenos triângulos negros. Ainda na porta tiramos o calçado, que logo em seguida fomos deixar numas prateleiras metálicas, numa das paredes laterais da sala. Mesmo ao lado havia uma porta para um átrio com um repuxo ao centro. E, em toda a volta do átrio, existiam pequenas torneiras para os devotos se lavarem antes da oração.


Ainda dentro da mesquita, o guia deu-me uma verdadeira aula sobre a religião muçulmana. Acima de tudo, disse que actualmente é uma religião perseguida pelos países ocidentais, apesar de defender o direito à diferença, respeito pelos outros e amor ao próximo. Princípios muito semelhantes aos da religião católica.
Mas, infelizmente existem alguns grupos extremistas, que são a imagem de referência de toda uma religião no mundo. Passou-me um pouco a ideia de que se sentem impotentes perante toda esta situação.
Explicou-me também que os pequenos triângulos no padrão da alcatifa, serviam para marcar a colocação dos pés de cada um, virados na direcção de Meca. Falava com orgulho e emoção. Por momentos fez-me sentir a dor de um povo, que é crucificado diariamente nos poderosos media internacionais.

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