quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Pico, a montanha mágica

Na visita à ilha do Pico, a busca pela comunhão com a Natureza, direccionou-me para uma viagem até ao topo da montanha mágica que dá o nome à ilha.

Já noite dentro, por volta da 1:30, enquanto o resto da família descansava no Faial para descobrir o Pico durante o dia, eu conhecia o meu guia e companheiros de viagem.
Às 2:00, na encosta da montanha, abandonamos os carros e iniciamos a subida empunhando lanternas.

Formando uma fila indiana de pirilampos, lá fomos furando a escuridão e o orvalho, rumo ao cimo da montanha. O grupo estava bastante animado e a subida passou num ápice. Uns do continente, outros dos açores, e 2 canadianos, que redescobriam as suas raízes açorianas, cruzaram os seus caminhos nesta viagem.

Luzes do Faial

Eram 5:20 quando atingimos o objectivo intermédio. Tínhamos chegado à caldeira no cimo da montanha. Estava um frio cortante e a maioria dos membros do grupo procurou refúgio nas várias cavernas, resultantes de antigos túneis de lava, que por ali proliferam. É nessas cavernas que é costume passar a noite, quando se sobe à montanha para ver o nascer o sol.

Sem sono, ainda cheio de energia, procurei um local para esperar o nascer do sol, acompanhado pelo guia, com quem tive uma conversa interessantíssima, sobre o escritor e guru espiritual indiano Osho, e sobre filosofias de vida em geral.

Aos poucos, a crescente claridade anunciava que o nascer do sol estaria para breve. Consegui então ver o "piquinho", a última etapa da subida, e também a mais difícil, feita literalmente de gatas.

"Piquinho"

Com a claridade, o manto branco de nuvens, que rodeava a montanha, tornou-se ainda mais belo.


E, num perfeito cenário de sonho, vimos o sol nascer quando já passavam das 6:00. Que visão... não há palavras, com significado suficientemente grandioso, que consigam descrever a infinita magia da natureza.




Já mais quentes, energisados pelos raios da estrela Sol, iniciámos a subida até ao "piquinho". 2351 metros, é a altura da montanha mais alta de Portugal. Lá em cima, o cenário tinha tanto de mágico como de surreal e, com o calor e o fumo das fumarolas, a montanha dizia-nos que estava viva. "É uma montanha jovem." - disse-me o guia várias vezes durante a viagem.
A visão no cimo da montanha ultrapassou qualquer expectativa que eu pudesse ter criado, extrapolou a recompensa do esforço, e será algo que irei recordar para sempre.

Literalmente em cima do Pico



Regressamos ao ponto de partida às 11:30 da manhã, depois de 9h e meia passadas na montanha! Foi das melhores coisas que fiz na vida.
Pelo caminho, encontrei mais um pedaço de mim, e ainda tenho bem vivo o momento em que, durante a descida, antes de passar para baixo do nível das nuvens, tive que me sentar para contemplar a lua, o céu azul celestial, o mar angélico de nuvens, e o verde vivo da montanha. Foi certamente uma experiência transcendente e, cada uma das pessoas do grupo, deverá ter trazido consigo algo diferente da montanha.

Marcos, mais modernos, que assinalam o trilho na montanha



Imagens espectaculares ficaram gravadas na minha retina para sempre, associadas a um incrível sentimento de estar vivo. Recomenda-se, com ***** .

Pico, visto do Faial

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