quinta-feira, 28 de junho de 2007

Protector Solar

Este é, sem dúvida, dos melhores vídeos que já encontrei na net, não pelo filme em si, mas pelo texto, música e significado.
O texto original, intitulado "Advice, like youth, probably just wasted on the young", é na realidade um pequeno ensaio, escrito por Mary Schmich, publicado numa coluna do Chicago Tribune, a 1 de Junho de 1997. Na introdução à coluna, a autora descreve o texto como sendo um commencement address*, se lhe fosse pedido um.

Mais tarde, a coluna foi tranformada num tema musical por Baz Luhrman, intitulado: "Baz Luhrman Presents: Everybody's Free (To Wear Sunscreen): The Sunscreen Song (Class of '99)", ou, na versão mais curta: "Everybody's Free (To Wear Sunscreen)". Foi um êxito!

É uma inspirada reflexão, e um hino à grandiosa viagem que estamos a fazer.


(Dica: Carregar em play e deixar o vídeo iniciar. Em seguida, carregar em pause e esperar que carregue totalmente, para depois poder visualizá-lo sem sobressaltos.)

* "Commencement address", é o nome dado ao discurso feito aos finalistas, normalmente universitários.
"Commencement", é o nome dado à cerimónia, na qual os graus e diplomas são conferidos aos estudantes finalistas. (Costume norte-americano.)

Advice, like youth, probably just wasted on the young, no Chicago Tribune.

Wear Sunscreen, na Wikipedia.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Vidas


Planeta Terra, mais de 6,5 mil milhões de seres humanos.
Mais de 6,5 mil milhões de vidas, que vagueiam em busca de objectivos, mais ou menos singulares.
Poucas altruístas, muitas egoístas e outras tantas indiferentes.
São vidas que se cruzam, partilham momentos, separam, terminam e começam.
Vidas que choram, sorriem, amam e odeiam.
Todas diferentes, todas iguais.
Umas com mais, outras com menos, necessidades, problemas, alegrias, ou tristezas.
Mas todas vivem, todas sentem, todas... simplesmente existem.
Todas, todas, todas têm esse mesmo direito, o direito de ser.
Contemplam o céu, contemplam a vida, contemplam as suas vidas, contemplam as vidas que cruzam as suas.
Muitas agradecem terem nascido, muitas gostariam nunca se ter conhecido.
Azar, sorte, destino?
O importante é existir, existirem todas, todas partilharem.
Engraçado, como tudo é tão relativo.
Igualmente significantes, todas querem ser as mais importantes.
E, no fundo, todas são poeira das estrelas.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Aquilo é outro mundo

Uma grande amiga minha realizou um dos seus sonhos e viajou, há pouco tempo, até à Índia, para fazer voluntariado.
Pessoalmente, admiro as pessoas que são capazes de dedicar um pouco da sua vida, a ajudar aqueles que mais precisam.
Aqui fica a reportagem do Independente de Cantanhede.
Escusado será dizer que vale a pena ler até ao fim!

Ana Cardetas foi voluntária na Índia
Escrito por Regina Bilro
05-Jun-2007

Foi o espírito de aventura e, simultaneamente, a vontade de contribuir por pouco que fosse para melhorar a vida de outras pessoas que levou Ana Cardetas, da localidade da Pena, a fazer voluntariado na Índia. Há cerca de dois meses, a jovem de 27 anos seguiu com um amigo até Kanda, uma pequena aldeia no norte da Índia, onde trabalhou numa pequena comunidade rural durante cerca de duas semanas. Apesar de curta, a experiência abriu-lhe os horizontes e mudou a forma como encara a vida. Impressionada com a pobreza extrema daquele povo, decidiu continuar a ajudá-lo, divulgando a ONG com que colaborou.

Um caderno, um lápis e uma criança atenta à forma que vai surgindo do contacto da ponta do lápis no papel branco.

Numa pequena aldeia a norte da Índia, Ana Cardetas, da localidade da Pena, freguesia de Portunhos, esboçava uma borboleta para presentear a menina de oito anos que acompanhava com avidez o avanço do desenho.

Quando a figura ficou concluída, a rapariga agarrou o caderno num abraço, e beijou-o como se de um tesouro se tratasse.

“Os indianos têm o hábito de beijar aquilo de que gostam muito”, afirma a jovem de 27 anos, explicando a atitude da menina.


O episódio é um dos milhares que ficaram na memória de Ana Cardetas depois da viagem que fez há cerca de dois meses ao norte da Índia. E uma das que mais a marcou. Em Portugal, como noutros países tidos como desenvolvidos, onde as crianças dispõem dos mais diversos brinquedos e formas de entretenimento, um desenho não passa disso mesmo. Mas para aquela menina indiana, significava também um gesto de atenção e carinho.


Viagem marcante

À primeira vista, Ana Cardetas não parece corresponder à imagem tradicional de um voluntário. Vestida segundo o estilo hippie moderno, vários brincos nas orelhas e penteado “tresloucado”, a jovem pode causar estranheza aos mais tradicionalistas. Mas ao fim de dois dedos de conversa, é impossível não reparar na sua invulgar sensibilidade.

O relato que faz do breve período que passou na Índia, colaborando com uma pequena comunidade rural no norte do país, facilmente reporta o interlocutor para uma viagem que a marcou profundamente. E que espera vir a repetir.

“Aquilo é outro mundo”, afirma Ana, referindo-se à forma como os indianos levam a sua vida. Num país marcado pela pobreza, onde, de um momento para o outro, uma intensa tempestade pode levar os poucos haveres de uma família, foi-lhe interessante perceber a leveza com que cada dia é levado.

“Tudo o que eles comem é semeado e preparado por eles à mão. São eles que semeiam e colhem o trigo, que o transformam em farinha e que cozem o pão, por exemplo. E sem a ajuda de máquinas. Com tanto trabalho, é impressionante como têm tempo para tudo”.


Juntar o útil ao agradável

Quando, no início do ano surgiu a hipótese de concretizar o sonho de trabalhar como voluntária na Índia, Ana mal quis acreditar.

“Era ouro sobre azul”, diz, referindo-se à oportunidade de juntar o desejo que sempre teve de fazer voluntariado, à vontade de conhecer a Índia.

A ocasião surgiu por intermédio de um jovem que conheceu na festa de passagem do ano. Também interessado em contribuir, por pouco que fosse, para melhorar a vida de pessoas dos chamados países do terceiro mundo, tinha encontrado uma forma de o fazer. Através da Internet, estabeleceu contacto com uma organização indiana (ROSE – Rural Organisation for Social Elevation) que aceitava voluntários para diversas áreas.

Aproveitando o final do estágio profissional numa empresa de Coimbra, Ana decidiu acompanhá-lo, interessada sobretudo no trabalho com crianças. A falta de tempo (ambos tinham apenas um mês de férias) e o limite orçamental (todas as despesas estavam naturalmente a seu cargo), permitiram-lhes passar apenas 21 dias na Índia. Apesar de curta, a experiência abriu-lhes os horizontes e mudou a forma como encaram a vida.

Lição de vida

Em Kanda, uma pequena aldeia no norte da Índia, a dia e meio de distância da capital, Delhi, foram encontrar uma pequena comunidade familiar com as portas abertas a todos os que querem conhecer a Índia rural, apenas como turistas ou contribuindo com o seu trabalho para o desenvolvimento local.

Longe de todo o conforto a que naturalmente estava habituada (“Lá não há casa de banho, água quente para tomar banho e come-se no chão, tendo apenas a mão a fazer de talher”, relata), Ana acabou por fazer de tudo um pouco. Desde ensinar inglês às crianças, ao trabalho no campo, passando pela participação na construção de um edifício destinado a servir de alojamento a novos voluntários.

O resultado foi uma “experiência muito intensa” e uma “lição de vida” que nunca mais irá esquecer.

“Eu senti-me como fazendo parte da família. Aliás, o Jeevan, responsável pela comunidade, disse ao despedirmo-nos, que deixámos uma família na Índia. Que ele e a sua família são agora da nossa família, como nós somos da deles”, afirma.

Ana Cardetas espera poder regressar à Índia e voltar a ajudar, através da sua presença e do seu trabalho, a comunidade que tão bem a acolheu. Até lá, esforça-se em divulgar a sua experiência e a ONG com que colaborou.

Local único

A ROSE – Rural Organisation for Social Elevation é uma comunidade rural, no Kanda, a norte da Índia. Propriedade de Jeevan Verma, está disponível para receber todos os que querem conhecer a Índia rural, como turistas ou como voluntários em áreas como ensino, agricultura, construção, serviço social, entre outras.


Por 350 rupias por dia (inclui alimentação e alojamento), o equivalente a cerca de seis euros, os visitantes/voluntários podem partilhar o dia-a-dia de uma família indiana e envolver-se nas actividades da comunidade, ao mesmo tempo que usufruem da tranquilidade e da beleza de uma zona única, com vista para os Himalaias.

A taxa de inscrição é de 3500 rupias por pessoa.

R.O.S.E. - Rural Organisation for Social Elevation



Todas as fotos deste post por Ana e Ari.

domingo, 10 de junho de 2007

La Dorada

Logo depois de regressar da Argélia, fui até terras de nuestros hermanos.

Salamanca é também conhecida como "La Dorada", graças aos tons dourados da pedra de areia, utilizada na construção dos edifícios.
Classificada pela UNESCO, Património da Humanidade em 1988, Salamanca é um cidade imponente.

Cidade de conhecimento, não se pode dissociar da sua universidade. A Universidade de Salamanca, hoje considerada uma das principais universidades de investigação na Europa, foi fundada em 1218 por Alfonso IX, rei de León, e é uma das mais antigas universidades europeias.

Fachada da Universidade

A Catedral Velha, a Catedral Nova, os inúmeros palácios e igrejas, conferem à cidade uma beleza extraordinária, amplificada na Plaza Mayor, local de encontro, repouso e lazer. Cuidadosamente iluminada, a beleza desta praça assume uma dimensão completamente diferente durante a noite.

Perspectiva da Plaza Mayor

O complexo das catedrais é de visita obrigatória. A Catedral Velha, de estilo romano, construída durante os séculos XII e XIII, e a Catedral nova, construída durante os séculos XVI, XVII e XVIII, uma das últimas manifestações do gótico em Espanha, fundem-se para formar um conjunto arquitectónico que exige uma contemplação sem pressas. Puro combustível para a imaginação.

Porta do pátio pequeno


À direita, Cúpula da Catedral Velha, ou Torre do Galo. Em cima, cúpula da Catedral Nova.

No interior, ambas as catedrais estão recheadas de obras de arte.

Pormenor da fachada, de uma das entradas da Catedral Nova. Será um mergulhador, ou um astronauta?

Desde muito novo que fui habituado a viajar para Espanha e, embora, por vários motivos, não seja grande fã dos espanhóis, admiro a vivacidade daquele povo. Regra geral sempre animados, vivem nas ruas, tanto de dia, como de noite. Comem de pé, um pincho de tortilha, um copo de cidra, e fazem imenso alarido. À noite, saltam de bar em bar, já que não se paga entrada. Uma verdadeira folia.

Praceta em frente duma das entradas da Catedral Nova

A cerca de 3 horas de viagem do Porto, Salamanca proporciona um fim-de-semana bem passado, ideal para escapar à rotina.

domingo, 3 de junho de 2007

Espírito Argelino

De volta ao ritmo tuga, é altura de fazer um pequeno balanço do contacto com o espírito argelino.

Antes de partir para a Argélia, esforcei-me para não me deixar afectar pela chuva de opiniões de quem já lá tinha estado. Pela minha experiência, sei que no desfecho acabo por ter uma opinião distinta e, por isso, tento sempre manter o espírito aberto.

O aparato policial no aeroporto, os inúmeros controlos nas estradas, as revistas aos carros e os detectores de metais, teimavam em não deixar cair no esquecimento o clima de tensão actual. Depressa, tudo isto se tornou banal, acabando até, por vezes, por parecer absurdo e desnecessário.

Os enxames de parabólicas denunciaram o interesse nas culturas do outro lado do mediterrâneo, e os contrastes da indumentária feminina mostravam que algo está a mudar.


Em geral muito devotos à religião, aos poucos os argelinos começam a fugir às regras muçulmanas. Do meu ponto de vista, com o crescimento da sua economia, consequente melhoria das condições de vida e novas gerações, será uma questão de tempo até se renderem às liberdades das culturas ocidentais.

Povo simpático e acolhedor, orgulhoso da sua cultura, desempenha sem grande esforço o papel de bom anfitrião. Existem inúmeros vestígios do império romano espalhados pelo país que, juntamente com o clima mediterrânico, poderiam constituir uma verdadeira atracção turística. Talvez dentro de alguns anos...


A grande devoção religiosa que encontrei na Casbah desconcertou-me bastante, mas deu-me uma perspectiva diferente duma religião que desconhecia por completo.
Está na essência do Homem tentar encontrar respostas a todo o custo, na tentativa de dar um significado à aleatoriedade dos acontecimentos do nosso Universo.
Mas, existirá mesmo ordem no caos, ou estaremos simplesmente entregues a nós próprios?
Numa coisa acredito, as religiões não estão a conseguir acompanhar a evolução da ciência e tecnologia, e as sociedades enfrentam, cada vez mais, uma crise de valores.